quinta-feira, 3 de março de 2011

Sobre a ovogênese

Galera, segue um material muito bom sobre a ovogênese, para se estabelecer relação entre a maiose, a formação do gameta feminino e o ciclo menstrual. Boa leitura.

A Ovogênese
Nos ovários, encontram-se agrupamentos celulares chamados folículos ovarianos de Graff, onde estão as células germinativas, que originam os gametas, e as células foliculares, responsáveis pela manutenção das células germinativas e pela produção dos hormônios sexuais femininos.
Nas mulheres, apenas um folículo ovariano entra em maturação a cada ciclo menstrual, período compreendido entre duas menstruações consecutivas e que dura, em média, 28 dias. Isso significa que, a cada ciclo, apenas um gameta torna-se maduro e é liberado no sistema reprodutor da mulher.
Os ovários alternam-se na maturação dos seus folículos, ou seja, a cada ciclo menstrual, a liberação de um óvulo, ou ovulação, acontece em um dos dois ovários.
A ovogênese é dividida em três etapas:
Fase de multiplicação ou de proliferação: É uma fase de mitoses consecutivas, quando as células germinativas aumentam em quantidade e originam ovogônias. Nos fetos femininos humanos, a fase proliferativa termina por volta do final do primeiro trimestre da gestação. Portanto, quando uma menina nasce, já possui em seus ovários cerca de 400 000 folículos de Graff. É uma quantidade limitada, ao contrário dos homens, que produzem espermatogônias durante quase toda a vida.
Fase de crescimento: Logo que são formadas, as ovogônias iniciam a primeira divisão da meiose, interrompida na prófase I (citocinese). Passam, então, por um notável crescimento, com aumento do citoplasma e grande acumulação de substâncias nutritivas. Esse depósito citoplasmático de nutrientes chama-se vitelo, e é responsável pela nutrição do embrião durante seu desenvolvimento.
Terminada a fase de crescimento, as ovogônias transformam-se em ovócitos primários (ovócitos de primeira ordem ou ovócitos I). Nas mulheres, essa fase perdura da vida intra-uterina – final do 3° mês de gestação - até a puberdade, quando a menina inicia a sua maturidade sexual – 11 a 15 anos de idade.

Fase de maturação: Dos 400 000 ovócitos primários, apenas 350 ou 400 completarão sua transformação em gametas maduros, um a cada ciclo menstrual. A fase de maturação inicia-se quando a menina alcança a maturidade sexual.
Quando o ovócito primário completa a primeira divisão da meiose, interrompida em citocinese da prófase I, origina duas células. Uma delas não recebe citoplasma e desintegra-se a seguir, na maioria das vezes sem iniciar a segunda divisão da meiose. É o primeiro corpúsculo (ou glóbulo) polar.
A outra célula, grande e rica em vitelo, é o ovócito secundário (ovócito de segunda ordem ou ovócito II), que inicia a segunda divisão meiótica e pára em metáfase II até próximo de ocorrer a ovulação. Ao completar, a segunda divisão da meiose, origina o segundo corpúsculo polar, que também morre em pouco tempo, e o óvulo, gameta feminino - célula volumosa e cheia de vitelo.
Na gametogênese feminina, a divisão meiótica é desigual porque não reparte igualmente o citoplasma entre as células-filhas. Isso permite que o óvulo formado seja bastante rico em substâncias nutritivas.


Hormônios
 
Enquanto ocorre a conclusão da meiose I e prófase e metáfase da meiose II, a hipófise está produzindo o Hormônio Folículo Estimulante (FSH), que promove a maturação do folículo e cujo pico de concentração é atingido durante a ovulação. E o aumento na concentração do FSH é seguido pela produção do Hormônio Luteinizante (LH), que atinge o pico de concentração logo após a ovulação, estimulando a transformação do folículo em corpo lúteo.
Sob a ação do FSH, o folículo passa a produzir estrógeno, que atua no útero, estimulando o crescimento do endométrio. Já o corpo lúteo produz progesterona, que mantém o endométrio crescido, para que possa ocorrer a nidação.



 
Com fecundação
Na maioria das fêmeas de mamíferos, a segunda divisão da meiose – paralisada em metáfase II até a ovulação - só se completa caso o gameta seja fecundado. Curiosamente, o verdadeiro gameta dessas fêmeas é o ovócito II, pois é ele que se funde com o espermatozóide.
Ocorrendo a fecundação, na ampola da tuba uterina, os níveis de progesterona serão mantidos em alta concentração, possibilitando o desenvolvimento embrionário. Isso acontece porque o embrião, no útero, passa a produzir o hormônio Gonadotrofina Coriônica Humana (HCG), que evita a regressão do corpo lúteo e, consequentemente, a descamação do endométrio (menstruação).
Sem fecundação
Não ocorrendo a fecundação, o ovócito II permanecerá em metáfase II. O corpo lúteo regridirá de tamanho até degenerar por apoptose. Consequentemente, progesterona deixará de ser produzida e o endométrio descamará.
                


 
Ciclo Menstrual 
A menstruação é uma descamação do endométrio (membrana que reveste a cavidade do útero, em vermelho na figura), acompanhada de saída de sangue. Isto ocorre porque os ovários reduzem muito a secreção de hormônios, e estes, por vários mecanismos, reduzem o estímulo ao endométrio, cujas células morrem e descamam. O primeiro dia do ciclo menstrual é o dia de início da menstruação, não importando quantos dias ela dure.
Ainda enquanto o endométrio descama, o hormônio FSH (folículo estimulante) começa a ser secretado em maior quantidade pela hipófise (glândula situada no cérebro), fazendo com que se desenvolvam os folículos ovarianos (bolsas de líquido que contém os óvulos). Perto do 7º dia do ciclo, o FSH começa a diminuir e, com a falta desse hormônio, alguns folículos param de crescer e morrem. Por isso, em cada ciclo menstrual, de todos aqueles folículos recrutados (que começam a crescer), apenas um (raramente dois) se desenvolve até o fim e vai ovular.  
 
O folículo começa a crescer mais ou menos a partir do sétimo dia do ciclo. Durante seu crescimento, secreta quantidades cada vez maiores de estradiol, que é um hormônio feminino. Este hormônio produz as seguintes alterações na mulher:
estimula o crescimento do endométrio: depois da menstruação, o endométrio é muito fino. Conforme a secreção de estradiol vai aumentando, começa a se tornar espesso e se preparar para a implantação do embrião.
estimula a secreção de muco pelo canal cervical: quanto mais estradiol é secretado, mais o muco tende a ficar receptivo ao espermatozóide.
Quando a quantidade de estradiol no sangue é máxima, o endométrio atinge também o máximo crescimento e o muco se torna ótimo para ser penetrado pelo espermatozóide. Nessa ocasião, é estimulada a secreção de um hormônio da hipófise: o hormônio luteinizante (LH). O LH aumenta muito depressa no sangue e atinge o máximo (pico de LH). Algumas horas após, ocorre a ovulação. Muito do LH secretado é retirado pelos rins e sai na urina. Por isso, a medida de LH na urina pode ser utilizada para detectar um período muito próximo da ovulação. Em média, a ovulação ocorre no décimo quarto dia do ciclo menstrual (mas pode ocorrer antes ou depois, sem que isso impeça a gravidez).


Estou ovulando? - algumas formas de conhecer o intervalo de dias dentro do qual acontece a ovulação estão descritos abaixo.
A precisão e simplicidade de cada um varia, não existindo uma forma de determinar a ovulação com precisão absoluta.
dor no baixo abdome: dentre as muitas causas de dor, uma delas é a ovulação, especialmente se a dor acontecer mais ou menos 14 dias antes da próxima menstruação.
secreção de muco cervical: é a saída, pela vagina, de uma secreção que parece com clara de ovo. Isto acontece, aproximadamente, entre um dia antes até um dia depois da ovulação.
temperatura do corpo: perto da ovulação, a temperatura do corpo aumenta em até meio grau Celsius. É preciso, então, tirar a temperatura todos os dias (de preferência antes de levantar-se, pela manhã, colocando o termômetro sob a língua), para saber o dia do aumento. Este aumento pode acontecer, aproximadamente, de dois dias antes até dois dias depois da ovulação.
testes de hormônios: existem testes desenvolvidos para detectar, na urina, o aumento do hormônio LH, que precede de mais ou menos um dia a ovulação. 

Após a ovulação, o folículo se transforma numa estrutura chamada corpo lúteo, e passa a fabricar, além do estradiol, o hormônio progesterona, que vai terminar o preparo do endométrio para a implantação do embrião. Mais ou menos entre o sexto e o oitavo dias após a ovulação, o nível de progesterona no sangue atinge o máximo, e a medida deste hormônio no sangue, se for baixa, é causa de infertilidade. Ainda não se conhece com toda a precisão o dia da implantação do embrião: parece acontecer de cinco a dez dias após a ovulação. Se não ocorre implantação, então a progesterona para de ser fabricada pelo corpo lúteo, seu nível diminui no sangue e se inicia outra menstruação.


 
Corpo lúteo
O corpo lúteo, também conhecido como corpo amarelo (pois possui uma coloração amarelada, devido ao hormônio luteína presente nele), é uma estrutura endócrina temporária existente nas fêmeas de mamíferos, relacionada com a produção do hormônio progesterona, necessário para a manutenção da gestação.
Sua formação se dá após a ovulação, quando as células da granulosa e as células da teca interna do folículo que ovulou se reorganizam dão origem a uma glândula endócrina temporária, localizada na camada cortical do ovário.
A liberação do fluído folicular resulta em um colapso da parede do folículo, que se torna pregueada. Em consequência da ovulação, um pouco de sangue pode fluir para a cavidade do antro folicular, onde coagula e é depois invadido por tecido conjuntivo. Esse tecido conjuntivo, juntamente com restos de coágulo de sangue que são gradualmente removidos, forma a parte mais central do corpo lúteo.
Mesmo que as células da granulosa não se dividam após a ovulação, elas aumentam muito de tamanho, compondo, aproximadamente, 80% do parênquima do corpo lúteo e passam a receber o nome de células da granulosa-luteínicas, com características de células secretoras de esteróides.
As células localizadas na teca interna também contribuem para a formação do corpo lúteo, originando as células teca-luteínicas. Estas são similares as células granulosa-luteínicas, mas são menores; tendem a se acumularem nas pregas na parede do corpo lúteo.
Os vasos sanguíneos e linfáticos, que eram restritos à teca interna, agora crescem, dirigem-se para o interior do corpo lúteo e formam uma abundante rede vascular.
A reorganização do folículo ovulado e o desenvolvimento do corpo lúteo resultam de estímulos pelo hormônio luteinizante (LH) liberado antes da ovulação. Ainda sob efeito do LH, as células modificam seus componentes enzimáticos e começam a secretar progesterona e estrógeno.
O destino do corpo lúteo é dependente dos estímulos que ele irá  receber após a sua formação. Pelo estímulo inicial de LH (hormônio responsável pela ovulação) o corpo lúteo é programado para secretar durante 10-12 dias. Caso não haja nenhum estímulo adicional, suas células se degeneram por apoptose. Isso ocorre quando uma gestação não se estabelece. Umas das conseqüências da secreção decrescente de progesterona é a menstruação. Altas taxas de progesterona circulante inibem a liberação do hormônio folículo estimulante (FSH) pela hipófise. No entanto, após a degeneração do corpo lúteo, a concentração de esteróides do sangue diminui e FSH é liberado em quantidades maiores, estimulando o crescimento de outro grupo de folículos e iniciando o ciclo menstrual seguinte.
O corpo lúteo que dura só parte de um ciclo menstrual é denominado corpo lúteo de menstruação, sendo seus restos fagocitados por macrófagos. Fibroblastos invadem a área e produzam uma cicatriz de tecido conjuntivo denso, que recebe o nome de corpo albicans.
Quando há a instalação da gravidez, a mucosa uterina não pode descamar, pois caso isso ocorra, o embrião implantado morre e a gestação resulta em aborto. Um sinal para o corpo lúteo é dado pelo embrião implantado, cujas células trofoblásticas sintetizam um hormônio chamado gonadotrofina coriônica humana (HCG). A ação do hormônio HCG é semelhante à do LH, levando ao estímulo do corpo lúteo. Assim, o HCG impede que o corpo lúteo degenere, resultando em crescimento adicional desta glândula endócrina e estimula a secreção de progesterona.  Este último hormonio, além de manter a mucosa uterina, também estimula a secreção das glândulas uterinas, o que aparentemente é importante na nutrição do embrião antes da placenta se tornar funcional. Este é o corpo lúteo da gravidez, que persiste durante 4 a 5 meses na mulher, degenerando em seguida, sendo substituído por um corpo albicans.
Fontes:
Histologia Básica – Luiz C. Junqueira e José Carneiro. Editora Guanabara Koogan S.A. (10° Ed), 2004.

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